12 meses, um desenho, um texto, uma floresta  ....

Mês de outubro_DIOSPIREIRO

Nome de origem grega, "fogo de Deus", dado pelo botânico Carl Lineu, e significa alimento de Zeus. A sua designação vem do fruto japonês kaki, país onde existem quase um milhar de espécies. 

Árvore exótica que dá frutos no outono. Foi trazida há séculos da China, adaptando-se muito bem ao clima de Portugal.É muito resistente a pragas e doenças e de boa longevidade produtiva.Perde a folha no outono e é bonita a imagem dos diospireiros despidos de folhas com os seus belos frutos ainda pendurados.

Valor nutricional e saúde- O dióspiro é um excelente fruto para os olhos, graças à sua riqueza em vitamina A e B.-É indicado para melhorar o estado de saúde da pele e cabelos e para a saúde geral do aparelho digestivo.- Ajuda a combater a hipertensão e o colesterol e é um fortificante do organismo em geral.

Inspira e diospira_poesia e desenho

DIÓSPIRO
depois do almoço
quando arrastamos a cadeira
um pouco para trás
uma sonolência morna
entrelaçada de luz
entra pelas janelas
ludibria as cortinas
e difusa poisa no vinho
é nessa altura que dizemos:
vou comer este dióspiro
antes que apodreça
Daniel Maia-Pinto Rodrigues

Do seu livro Conhecedor de Ventos, Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 1987 da árvore e criação

DIÓSPIROS

Há frutos que é preciso
acariciar
e só depois
muito depois
se deixam morder
a língua

Jorge de Sousa Braga, in O Poeta Nu

Mês de novembro_ROMAZEIRA

A Romã dizia respeito à deusa Perséfone, deusa da agricultura, da natureza, da fertilidade, das estações, das flores, dos frutos e das ervas. Também é o símbolo de Afrodite e de Vénus.Vista como um fruto sagrado, místico. foi cultivada pelos gregos e israelitas e outros povos antes de Cristo. Em Israel é planta sagrada, considerando-se o cálice da romã à coroa do rei Salomão e que passou a ser usada por todos os reis do mundo.

(Informação adaptada da revista Jardins em https://revistajardins.pt/roma-simbolo-da-fertilidade-abundancia/ )

Romazeira, Romã, Roma, Amor, Ramo, Mora...

Romã

Tirei os bagos, um a um,

de dentro da romã. Juntei-os

no prato do poema, e construí com eles

a tua imagem para que

a pudesse morder como se ama,

até ouvir o teu riso perguntar-me: «Que fazes?», enquanto libertavas

os seios de dentro

da camisa, para que a luz os mordesse

como se morde a romã.

Nuno Júdice 


Boca de romã perfeita

Boca de romã perfeita

Quando a abres p'ra comer,

Que feitiço é que me espreita

Quando ris só de me ver?

Fernando Pessoa 

Mês de janeiro_LARANJEIRA/TANGERINEIRA/LIMOEIRO

De novo a laranjeira - olhai! - traz ante nós os frutos,
quais lágrimas vertidas
nos atormenta do amor
e de vermelho coloridas
Nos ramos de topázio
vede como as rútilas esferas
em ágata moldadas ficam expostas às suaves mãos do zéfiro
que têm martelinhos para uma a uma as percutir
E nós
ora as beijamos
ora nelas os aromas aspiramos
e assim elas parecem faces de donzela ou perfumados pomos

Ruy Belo, Obra Poética de Ruy Belo- Vol. 1, pág. 100 | Editorial Presença Lda., 1984 (retirado de https://www.escritas.org/pt/t/51481/a-laranjeira

Redondilhas a Laranjeiras

Laranjeira pequenina

Carregadinha de flor 

Eu também estou dando pássaros 

Eu também estou dando flores 

Eu também estou dando frutos 

Eu também estou dando amor. 

Vinicius de Moraes (retirado de https://poetisarte.com/autores/vinicius-de-moraes/redondilhas-laranjeiras/)


PROVÉRBIOS: "A laranja de manhã é ouro, à tarde é prata e à noite mata".

                               laranja e ao fidalgo, o que quiser; ao limão e ao vilão, o que tiver".

                               " De laranja , o que quiseres; da lima, o que puderes e de limão, o que tiveres".

Pêssegos, peras, laranjas,
morangos, cerejas, figos,
maçãs, melão, melancia,
ó música de meus sentidos,
pura delícia da língua;
deixai-me agora falar
do fruto que me fascina,
pelo sabor, pela cor,
pelo aroma das sílabas:
tangerina, tangerina.

Eugénio de Andrade

Encosta-se no chão, que está caindo,
A cidreira com os pesos amarelos;
Os formosos limões ali, cheirando,
Estão virgíneas tetas imitando.

Os Lusíadas, Luís de Camões, CANTO X

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.


Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.


Gado que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis,
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

Luís de Camões

Minha laranja amarga e doce 
meu poema
Feito de gomos de saudade
minha pena
Pesada e leve
Secreta e pura
Minha passagem para o breve
Breve instante da loucura [...]

Ary Dos Santos / Fernando Tordo

Mês de fevereiro_ABACATEIRO

     «O abacateiro é uma planta originária da região da América Central (sul da América do Norte e norte da América do Sul). [...] Utilizada e estimada pelos índios antes da chegada dos europeus, que lhes atribuíam propriedades afrodisíacas (frutos) e propriedades medicinais (folhas), e apesar de haver notícias da sua introdução desde c.a.1601 (sul de Espanha), a sua cultura não se difundiu. Apenas no século XIX, já reconhecidas as qualidades nutritivas dos seus frutos, a sua cultura foi difundida sobretudo nas zonas subtropicais e temperadas quentes como Flórida, Califórnia, sul de Espanha, Madeira, Creta, Algarve, etc. » 

Retirado de  in https://revistajardins.pt/as-plantas-do-novo-mundo/

Caroço de abacate

Plantei um caroço de abacate
na minha cozinha
para a Ruth
e para o Alan, que morreram.
Amigos os dois, mais a Ruth -
A da voz de
aveia e mel.
Vou replantar o caroço
dar-lhe espaço para ser árvore
viver
enquanto a dor durar.

Eunice de Souza

Abacate

Quero amadurecer quando for colhida.
Lá na minha árvore,
lá no meu pé de mim,
embirrado e miúdo,
quero ficar até que você olhe.

E minha casca, lisa e brilhante,
não será prejuízo.
Minha polpa agradável e leve,
será para você,
minha paga,
sua recompensa.

E não acelere o processo de maturação,
porque meu coração verde musgo,
já lhe pertence.

E quando for me usar,
abuse de tudo em mim,
e plante lá na minha árvore,
ao lado do meu pé de mim,
o meu caroço, de volta.

Que sou doce,
ou salgada,
como quiser,
vou ser seu abacate,
acate,
cate,
ate.

Até.

Solineide Maria
Este poema está incluso na Antologia Caleidoscópio, publicada pela Editora Olho D'agua, ano 2004.

Mês de maio_CEREJEIRA

           A  C E R E J E I R A  É  U M A  Á R V O R E  D E  F O L H A  C A D U C A  Q U E  C R E S C E  D E  F O R M A  S E L V A G E M  N A  E U R O P A , M A S  A S U A  O R I G E M  E S T Á  N A  Á S I A  O C I D E N T A L. O  S E U  N O M E  C I E N T ÍFI C O  É  P R U N U S  A V I U M ,  A N T E R I O R M E N TE  P R U N U S  CE R A S U  . P E R TE N CE  A O  S U B - G É N E R O  CE R A S U S,  E  P O R  EXTE N S Ã O  A O  G É N E R O  P R U N U S.  A L G U M A S  DEST A S  Á R V O R ES  P R O D U ZE M  F R U T A S,  E N Q U A N T O  O U T R A S   M A D EI R A  N O B R E.  P O D E   SE R M U L T I P L IC A D A P O R  SE M E N TES,  E M B O R A  O  M A IS  U S A D O  SEJ A  P O R  E N XE R T I A .  H Á V Á R I A S  ES P ÉCIES  D E  CE R EJ A S,  M A S   T O D A S  S Ã O  A B U N D A N TES  E M  V IT A M I N A S  A , B  E  C,  C Á LCI O , FE R R O  E  F Ó SF O R O .  

       A S CE R EJEI R A S  N Ã O  P R ODUT O R A S  D E  F R U T O S  S Ã O  T R A D ICI O N A L M E N TE  C U LTI V A D A S  N O  J A P Ã O  C O M  O  P R O P Ó SIT O   D EC O R A TI V O .  N O    J A P Ã O , A  CE R EJEI R A  É  I N TIT U L A D A S A K U R A N O K I - S A K U R A  TE M  O  SE N TI D O  D E 'FL O R D E CE R EJEI R A ' - E  EST Á  LI G A D A  I N TI M A M E N TE  À  H IST Ó R I A  D O  S A M U R A I , SI M B O LIZ A N D O   A     C U R T A  D U R A Ç Ã O  D A  S U A  V I D A ,  P O IS  N Ã O  S O B R E V I V E  M U IT O  TE M P O .  

       A  T A T U A G E M  D E  CE R EJ A  É  SÍ M B O L O  D E  C A STI D A D E  E  I N O CÊ N CI A  P A R A  A S  M U L H E R ES.  N A  C U LT U R A  P O P U L A R , O  P R O V É R B I O  « A S C O N V E R S A S S Ã O C O M O A S CE R EJ A S». 

      « A H IST Ó R I A D O J A P Ã O C O N T A D A P EL A S CE R EJEI R A S, Q U E J Á F O R A M SE Q U EST R A D A S P O R K A M I K A ZES, E R ES G A T A D A S P O R U M J A R D I N EI R O C O M O SÍ M B O L O N A CI O N A L N O LI V R O O H O M E M Q U E S A L V O U A S CE R EJEI R A S, N A O K O A B E N A R R A A R EL A Ç Ã O D O J A P Ã O C O M ESS A Á R V O R E E M B LE M Á TIC A , M A S T A M B É M A H IST Ó R I A D O I N G LÊS Q U E R ES G A T O U M U IT A S ES P ÉCIES D A EXTI N Ç Ã O .» E M  https://brasil.elpais.com/cultura/2021-07-12/a-historia-do-japao-pelas-cerejeiras-que-ja-foram-sequestradas-por-kamikazes-e-resgatadas-por-um-jardineiro-como-simbolo-nacional.html


árvores AEPLC
Todos os direitos reservados 2020
Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora